
Não Sonho Mais
Chico Buarque
Contradições do desejo e poder em “Não Sonho Mais”
"Não Sonho Mais", de Chico Buarque, destaca-se pela ironia ao unir uma melodia animada a imagens duras e perturbadoras na letra. A música ganha ainda mais profundidade ao ser interpretada no contexto do filme "A República dos Assassinos", onde é narrada por um travesti apaixonado por um policial corrupto. Essa escolha traz à tona uma relação marcada por tensão, submissão e ambiguidade, refletindo o desequilíbrio de poder entre os personagens.
O sonho descrito na canção é carregado de figuras grotescas e escatológicas, funcionando como uma vingança simbólica. O policial, antes visto como "valente", é perseguido e humilhado por aqueles que ele oprimiu, numa inversão dos papéis de vítima e agressor. A multidão de "nego humilhado", "morto-vivo" e "flagelado" representa as vítimas do abuso de poder, que se unem para impor uma justiça violenta, culminando na castração simbólica do policial. Apesar da brutalidade do sonho, a música termina com um apelo emocional: "Ai, amor, não briga! Ai, não me castiga! Ai, diz que me ama e eu não sonho mais!". Essa súplica revela a dependência afetiva do narrador, que, mesmo desejando punição, busca o afeto do amante. Chico Buarque, assim, expõe de forma direta as contradições entre desejo, poder e culpa, usando o sonho como espaço de catarse e denúncia.
O significado desta letra foi gerado automaticamente.



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