A Um Passo

Reflexão e crítica social em "A Um Passo" de Coruja BC1

Em "A Um Passo", Coruja BC1 faz uma autocrítica sincera ao expor suas próprias falhas e vulnerabilidades. Ele admite ter colocado o coração onde outros colocaram dinheiro e reconhece o "preço do amor mal direcionado". Essa honestidade está alinhada com a trajetória do rapper, que costuma abordar temas como racismo, espiritualidade e os desafios enfrentados na periferia. A metáfora de estar "a um passo do paraíso" mostra que a redenção e a paz parecem próximas, mas ainda distantes o suficiente para gerar dúvidas e ansiedade. O refrão de Juyè reforça esse sentimento ao pedir misericórdia e reconhecer a condição de pecador.

A letra utiliza imagens marcantes para ilustrar tanto a luta interna quanto a social. O verso "homem de pouca fé, não conseguiu andar sobre as águas" faz referência à Bíblia e sugere a dificuldade de manter a esperança diante das adversidades. Ao afirmar "não acuse a prostituta, ela só existe pois tem quem paga por sexo", Coruja BC1 critica a hipocrisia social e destaca a complexidade dos julgamentos morais, um tema frequente em suas músicas. Trechos como "vida é um monstro que te devora" e as comparações com a "Torre de Babel" e o "Congresso de Roma" reforçam a sensação de confusão e caos, características da vida à margem. A busca por redenção, expressa no pedido de misericórdia, se mistura à consciência de que o presente é o único tempo real, como em "o ontem não existe, o amanhã é incerto, o momento é agora". Assim, a música equilibra reflexão, crítica social e espiritualidade, traduzindo a essência do rap de Coruja BC1.