Apócrifo

Crítica social e resistência em "Apócrifo" de Coruja BC1

O título "Apócrifo" já indica a intenção de Coruja BC1 de questionar o que é considerado legítimo ou verdadeiro na sociedade. A música desafia as narrativas impostas e destaca a importância de dar voz às pessoas marginalizadas. Na letra, o rapper expõe como a manipulação social acontece tanto nas redes sociais quanto nas estruturas de poder. O videoclipe reforça essa ideia ao mostrar um jovem como marionete, simbolizando a falta de autonomia diante das pressões externas. Trechos como “números mentem” e “Não perca o foco quando tudo é click / Nem todos têm o poder de Midas, isso eu vi no ringue” criticam a superficialidade digital e a ilusão de sucesso fácil, mostrando como a busca por likes e fama muitas vezes substitui a qualidade e a verdade.

Coruja BC1 também aborda o racismo estrutural e a exclusão social, como em “Pretos no topo, só não esquece as preta” e “Morre na mira do 38, matemática dos excluído”, denunciando a violência e a marginalização das comunidades negras. Ao citar Caravaggio, ele relaciona a arte à resistência e à possibilidade de redenção, conectando sua trajetória pessoal à luta por representatividade. O rapper ainda ironiza a hipocrisia social e política, como em “Papai Noel símbolo do império capitalista / Esse ano vai vim de azul pra não parecer comunista”, mostrando como até símbolos tradicionais são usados para atender interesses de grupos dominantes. "Apócrifo" se apresenta, assim, como um manifesto contra a alienação, defendendo a empatia, a consciência crítica e a valorização da arte como ferramentas de transformação social.