Gu$tavo$ (part. Djonga)

Resistência e orgulho negro em “Gu$tavo$” de Coruja BC1

O título “Gu$tavo$” vai além de um simples trocadilho com os nomes de Coruja BC1 e Djonga. Ele simboliza a união de trajetórias parecidas, marcadas por desafios e conquistas, e serve como resposta direta à lógica de divisão imposta pelo racismo estrutural. Quando Coruja BC1 diz “Um pardo e um retinto unido, resposta que cala Willie Linch”, faz referência a Willie Lynch, figura associada à doutrina de dividir negros para facilitar a opressão. Ao se unirem, Coruja e Djonga desafiam essa lógica, mostrando força coletiva e orgulho de suas identidades.

A letra traz críticas sociais contundentes e referências à resistência negra. Coruja BC1 e Djonga abordam o preconceito velado, a violência policial e a hipocrisia social, como em “Uns quer humilhar gay, mas entre amigo: E aê, viado? Coisas do Brasil, tipo preconceito velado”. O verso “Minha resposta aos conservador que diz que gay não vai pro céu” mostra o enfrentamento direto a discursos conservadores e discriminatórios. Djonga reforça o compromisso com a comunidade ao afirmar “O que eu faço no estúdio é foda, foda, foda, mas o que eu faço pela minha quebrada é que é inquestionável”, destacando que o impacto social de sua arte vai além da música. A repetição de “Geminianos tá na casa, quero ver peitar” reforça a confiança e a postura desafiadora dos artistas, que se colocam como representantes de suas cidades e de uma geração que não aceita mais calar diante das injustiças.

O contexto do lançamento do álbum “Psicodelic” na mesma data em que Coruja BC1 viveu um trauma familiar adiciona uma camada de superação e ressignificação à faixa. “Gu$tavo$” se consolida como um hino de resistência, orgulho e transformação, celebrando a força da juventude negra e periférica enquanto denuncia as contradições e desigualdades do Brasil.