Lágrimas de Odé

Lágrimas de Odé: A Luta e a Resistência de Coruja BC1

A música "Lágrimas de Odé" de Coruja BC1 é uma poderosa narrativa sobre a realidade vivida por muitos jovens negros nas periferias do Brasil. A letra começa com uma lembrança traumática da infância do artista, onde ele testemunha seu pai ser baleado. Esse evento marca profundamente sua vida e serve como um ponto de partida para discutir a violência sistêmica e o racismo estrutural que afetam a comunidade negra.

Coruja BC1 utiliza metáforas e referências culturais para enriquecer sua mensagem. O título da música, "Lágrimas de Odé", faz referência a Odé, uma divindade do candomblé associada à caça e à proteção. Essa escolha não é acidental; ela simboliza a luta constante e a necessidade de proteção em um ambiente hostil. A repetição do nome "Oyá" invoca outra divindade, Iansã, conhecida por sua força e capacidade de afastar o mal, pedindo proteção e bons ventos para superar as adversidades.

A letra também aborda a questão da identidade racial e a violência policial. Coruja BC1 descreve a sensação de ser constantemente julgado e ameaçado por sua cor de pele, destacando a brutalidade policial como uma realidade cotidiana. Ele critica a superficialidade das redes sociais e a hipocrisia de quem finge se importar com as causas sociais sem realmente entender ou vivenciar essas lutas. A música é um apelo à união e à resistência, enfatizando que a verdadeira batalha é contra um sistema opressor e não entre os próprios membros da comunidade.

A repetição da frase "Eu sou teu irmão, não me olhe assim" é um chamado à empatia e à solidariedade. Coruja BC1 clama por um reconhecimento mútuo de humanidade e por um esforço coletivo para secar as lágrimas de dor e sofrimento causadas pela opressão. A música é, portanto, um hino de resistência, esperança e busca por justiça, refletindo a complexidade e a profundidade das experiências vividas pela população negra no Brasil.