Modo F

Afirmação e resistência periférica em “Modo F” de Coruja BC1

Em “Modo F”, Coruja BC1 reafirma sua identidade e desafia padrões do rap nacional ao misturar referências internacionais e brasileiras de forma direta e provocativa. Logo no início, ao se autodenominar “Latrell Spencer, o foda”, ele faz referência ao jogador de basquete conhecido por sua postura desafiadora, estabelecendo um tom de autoconfiança que permeia toda a música. O uso do instrumental de J. Cole reforça a conexão global, mas Coruja adapta o contexto para abordar questões locais, como o racismo, ao afirmar: “Coruja não é preto, é branco do cabelo ruim / Ruim é teu preconceito há mais de 500 anos assim”. Aqui, ele confronta estereótipos e denuncia o preconceito histórico no Brasil.

A letra traz críticas à superficialidade do cenário musical e à busca por fama fácil, como em “quem só olha pra views é cego” e “tão igual porco na lama tendo overdose de ego”. Coruja ironiza rappers que imitam comportamentos de gangues americanas sem vivenciar a realidade da periferia, exemplificado em “Crianças cês não são Suge Knight / Só porque sugam com canudo o pózinho branco na night”. O refrão “Liguei o modo foda-se” resume sua postura de independência e desprezo pelas críticas, mostrando que ele não se submete às pressões do mercado. Ao final, ao dizer “Foda-se Thor, eu sou machado de xangô”, Coruja valoriza suas raízes afro-brasileiras e contrapõe ícones da cultura pop ocidental à sua ancestralidade. “Modo F” se destaca como um manifesto de resistência, autenticidade e orgulho periférico, dialogando tanto com o rap internacional quanto com as lutas cotidianas do Brasil.