Resenha (part. Chayco e Kant)

Marginalidade e resistência em "Resenha (part. Chayco e Kant)"

Em "Resenha (part. Chayco e Kant)", Costa Gold explora a relação entre ostentação, marginalidade e identidade periférica. O refrão repetido, “Que tal resenha de bandido? Tá legal, o que eu tenho é proibido”, destaca o duplo sentido de "resenha" como conversa descontraída e também como celebração de um estilo de vida à margem da lei. Expressões como “ilegal que eu faço paralelamente” e “tá normal, resenha de bandido” mostram como práticas consideradas ilícitas são naturalizadas no cotidiano dos artistas e de muitos jovens das periferias, sugerindo uma crítica à criminalização da sobrevivência e da ascensão social nesses contextos.

Os versos de Nog e Kant trazem um tom de desafio e autoafirmação, abordando temas como inveja, falsidade e a busca por respeito no rap. Nog expõe a competição e a hipocrisia do meio artístico ao dizer: “sempre tem um pela saco que tem inveja da banca e fala que faz rap”. Kant, com rimas agressivas e referências à violência simbólica — “Hoje é dia de killshot, sou um legista, farei um sutil corte” (Hoje é dia de tiro fatal, sou um legista, farei um corte sutil) —, reforça sua superioridade lírica e a dureza do ambiente. Predella insere uma crítica política direta ao mencionar “dedo médio, fuck Bolsonaro”, e reafirma o compromisso do rap com a realidade das ruas ao citar Sabotage: “Só não pode se esquecer que o rap ainda é compromisso (Sabota vive)”.

A música, assim, mistura ostentação, crítica social e vivências urbanas, usando uma linguagem direta para retratar a complexidade de quem vive entre a marginalidade e a busca por reconhecimento, sem perder de vista o papel do rap como voz da periferia.