Cuántas veces

Solidão e autoconhecimento em "Cuántas veces" de C.R.O

Em "Cuántas veces", C.R.O transforma a escrita em um espaço de confissão e refúgio, revelando sua vulnerabilidade diante das próprias angústias. O artista compara o papel a uma igreja, onde pode se abrir sobre suas falhas e excessos. Isso fica claro no verso: “¿Cuántas veces me encontré escribiendo versos pa' una musa? / Mientra' esté cerca, no me importa si me usa” (Quantas vezes me peguei escrevendo versos para uma musa? / Enquanto ela estiver por perto, não me importa se me usa). Aqui, ele expõe a necessidade de conexão, mesmo que seja passageira ou ilusória, mostrando o quanto está disposto a se perder em relações efêmeras para fugir da solidão.

A música também reflete a luta interna de C.R.O contra o vazio e o medo de ficar sozinho, temas recorrentes em sua trajetória. O trecho “Crecí entre el bien y el mal y aprendí a diferenciar amor y lealta' / Si en tu cariño no hay respeto, prefiero la soleda'” (Cresci entre o bem e o mal e aprendi a diferenciar amor e lealdade / Se no seu carinho não há respeito, prefiro a solidão) mostra a maturidade adquirida após experiências dolorosas, valorizando o respeito acima da simples companhia. Ao mencionar “demonios que llevo adentro” (demônios que carrego dentro de mim), o artista reforça o peso de suas batalhas pessoais e a busca constante por sentido. Assim, "Cuántas veces" retrata a solidão como um estado existencial, em que o amor e o alívio são procurados, mesmo que temporários, para preencher um vazio persistente.