Beware

Rebeldia e autossuficiência em "Beware" do Death Grips

"Beware", do Death Grips, começa com um sample impactante de Charles Manson, que serve como uma provocação direta à autoridade e à moralidade tradicional. Ao incorporar o discurso de Manson, a faixa já sinaliza que vai explorar temas de poder autodefinido e rejeição total das normas sociais. O refrão repetido, “I am the beast I worship” (Eu sou a besta que eu venero), resume essa postura: não há busca por aceitação ou redenção, mas sim uma celebração do instinto, da força e da autonomia, mesmo que isso envolva abraçar o lado mais sombrio da existência.

A letra traz imagens de destruição, rituais e renascimento, como em “I light my torch and burn it” (Acendo minha tocha e a queimo) e “Sacrifice to rise beyond” (Sacrifício para ir além), sugerindo que a transformação pessoal só acontece ao enfrentar o caos e buscar a autossuperação. O trecho “Worship is not on bended knee / Nature knows not of mercy / To pray is to accept defeat” (Adorar não é de joelhos / A natureza não conhece misericórdia / Rezar é aceitar a derrota) reforça a recusa à submissão: aqui, adorar significa agir, desafiar e sobreviver sem concessões. As metáforas presentes, como “riders of the lupus hour” (cavaleiros da hora do lobo) e “inferno of witches' blood” (inferno de sangue de bruxas), criam uma atmosfera de culto secreto e poder oculto, conectando-se ao contexto de rebelião e elitismo sombrio. No fim, "Beware" se apresenta como um manifesto de autossuficiência agressiva, onde a única lei é a força própria e a única adoração possível é à própria capacidade de resistir e dominar.