Ricô (part. Doug Now)

Dinheiro, sobrevivência e crítica social em “Ricô (part. Doug Now)”

Em “Ricô (part. Doug Now)”, Djonga utiliza a ironia para destacar como o dinheiro influencia não só as relações sociais, mas também a própria sobrevivência. Logo no refrão, ao afirmar que “só volta vivo quem é rico”, ele escancara a desigualdade e sugere que, em certos contextos, a riqueza pode ser uma questão de vida ou morte. O tom debochado e autocrítico, presente em todo o álbum “Nu”, aparece quando Djonga assume o papel de quem ostenta, mas não esconde as consequências negativas dessa postura: “O dinheiro acabou com tudo”. Essa frase já antecipa o conflito central da música, mostrando que a riqueza não resolve todos os problemas e pode trazer novas tensões e perigos.

A letra constrói um cenário de ostentação, festas e relações superficiais, mas também de violência e rivalidades. Trechos como “Vou fazer um atentado com aquelas gêmea / Tô lembrando bem do jeito que ela geme” misturam duplo sentido sexual com a ideia de perigo, enquanto referências a “Osama” e “Iraque” reforçam o clima de confronto. Doug Now aprofunda a crítica ao mostrar que, mesmo para quem conquista ascensão social, a violência e a morte continuam presentes: “Eu que pensava que o céu era o limite / Agora vejo que do chão não passa”. As menções a Wu-Tang, Paulinho da Viola e 50 Cent ampliam o debate sobre ambição, efemeridade e a busca por sentido além do dinheiro. No final, a música deixa claro que a riqueza pode ser tanto um privilégio quanto uma armadilha, mostrando que quem “quer tudo e no fim de tudo, acaba sem nada”.