Atento, Alerta

A Busca pela Poesia e o Deserto do Amor em 'Atento, Alerta'

A música 'Atento, Alerta' de Egberto Gismonti é uma reflexão profunda sobre a identidade, a consciência e a busca por significado em um mundo mecanizado e muitas vezes desumanizado. A letra começa com uma indagação existencial: 'nem sei quem sou nesta vida', questionando a própria essência e o papel do indivíduo na sociedade. A dúvida entre ser um ser consciente ou um 'andróide' que apenas segue as normas sociais, como trabalhar, votar e ir ao banco, revela uma crítica à rotina automatizada e à falta de propósito genuíno.

A canção também aborda a resistência e a fuga como formas de lidar com a realidade. O eu lírico se declara um 'desertor', alguém que escolhe fugir das batalhas convencionais e buscar a poesia e o amor como formas de resistência. A metáfora das 'armas de amante ansioso, brancas polidas' sugere que o amor e a sensibilidade são suas verdadeiras armas, em contraste com a violência e a guerra. A busca pela 'poesia do mundo' e pelo 'poeta que fez que a rosa rosasse' simboliza a procura por beleza e significado em um mundo que muitas vezes parece frio e sem alma.

A repetição de 'atento, alerta' ao longo da música reforça a necessidade de estar consciente e vigilante em relação às ofertas e desafios do mundo. A canção termina com uma reafirmação do amor como a força motriz que permite ao indivíduo encontrar poesia e beleza, mesmo em meio à dor e à desilusão. 'Atento, Alerta' é, portanto, uma ode à resistência pacífica e à busca incessante por um sentido mais profundo na vida, através do amor e da poesia.