Si Dios Fuera Negro

A Reflexão Sobre a Inversão Racial em 'Si Dios Fuera Negro'

A música 'Si Dios Fuera Negro', interpretada pelo grupo El Gran Combo de Puerto Rico, é uma obra que utiliza a hipotética inversão de papéis raciais para destacar as desigualdades e o racismo estrutural presentes na sociedade. Através de uma série de imagens que subvertem a realidade conhecida, onde a supremacia branca é a norma, a letra propõe um mundo onde a 'raza negra' estaria no poder e ocuparia posições de destaque e autoridade, como presidente, governador, advogado e médico.

A canção também brinca com a ideia de que se Deus fosse negro, elementos comumente associados à pureza e à beleza, como a azucena (lírio) e a tiza (giz), seriam negros, assim como ícones culturais como a Mona Lisa e a personagem Branca de Neve. Isso sugere uma reflexão sobre como a percepção de beleza e bondade é influenciada por preconceitos raciais. A música ainda menciona que o Papa, os ministros, os anjos e até Jesus Cristo seriam negros, desafiando a representação eurocêntrica da religião cristã.

O diálogo final da música traz um tom mais leve e humorístico, mas ainda assim toca na questão racial ao mencionar um 'coração negro' em um 'tipo blanco', sugerindo que a bondade ou a maldade não estão atreladas à cor da pele. A música, portanto, é uma crítica social que usa a inversão de papéis para questionar as normas raciais e promover uma reflexão sobre igualdade e justiça racial.