Eu Faço Verso

Resistência e criatividade em "Eu Faço Verso" de Emicida

"Eu Faço Verso", de Emicida, destaca como a criatividade e a resistência são ferramentas essenciais diante das dificuldades sociais e do racismo estrutural. Logo no início, o rapper menciona a Santa Efigênia, tradicional centro de comércio popular em São Paulo, onde comprou equipamentos baratos para gravar suas primeiras músicas. Esse detalhe revela tanto as limitações financeiras quanto a engenhosidade de quem precisa improvisar para realizar seus sonhos, como ele expressa em: “Com microfone barato la da Santa Efigênia que eu coloco no K-7 a minha letra nada ingênua”.

A letra traz críticas sociais diretas, como a dificuldade de conseguir emprego sem experiência prévia, realidade comum para jovens negros das periferias: “segundo as exigências da força sindical, eu não tenho experiência então emprego: tchau, tchau!”. Emicida também ironiza o padrão de sucesso imposto pela mídia e a alienação cotidiana: “sem ideologia no sofá com cara de tonto, comendo biscoito e aguardando começar a novela das oito”. Ao valorizar a força da palavra e da rima, ele mostra como a arte pode resgatar autoestima e consciência crítica: “Eu faço verso que resgata seu cérebro imerso, no lado ruim da sociedade eu me disperso”.

Combinando humor, referências pop e metáforas, Emicida reforça que é possível criar algo novo mesmo diante das adversidades. Ao se colocar como alguém fora dos padrões, mas com “mais poder do que 'Me dê sua força Pegasus!'”, ele transforma sua arte em um ato de resistência e superação, aproximando o ouvinte de sua realidade e tornando a mensagem ainda mais impactante.