Vai Ser Rimando

Resistência e transformação em "Vai Ser Rimando" de Emicida

Em "Vai Ser Rimando", Emicida transforma suas experiências de luta e dificuldade em combustível para sua arte, mostrando que o rap vai além do entretenimento: é uma ferramenta de sobrevivência e transformação. O refrão, “Se eu cair vai ser rimando, se eu me levantar vai ser rimando”, resume essa postura resiliente, deixando claro que, independentemente dos desafios ou conquistas, ele permanece fiel ao rap como forma de expressão e resistência. O contexto da produção independente da mixtape, feita com poucos recursos e distribuída manualmente, reforça o valor da persistência e autenticidade na trajetória do artista.

A letra também destaca a responsabilidade social do rapper, como na frase “A responsa de mudar o mundo com a ponta de uma caneta”, mostrando como Emicida enxerga o hip-hop como instrumento de mudança. Ele critica a superficialidade e a busca por fama fácil, valorizando a verdade e a emoção em cada verso: “Meus bagulho é de coração, demora mais / Pra quando vagabundo ouvir essa porra, cair pra trás”. Ao abordar temas como discriminação, estigmatização da favela e a luta por reconhecimento, Emicida expõe as contradições da sociedade e reafirma o papel do rap como voz dos marginalizados. A frase “A rua é nóis, mais do que um erro de gramática / É a frase que sintetiza a brisa do sujo, na prática” mostra como ele ressignifica a linguagem e a vivência de rua, transformando-as em orgulho e identidade. No fim, a música se apresenta como um manifesto de perseverança, autenticidade e compromisso com a transformação social por meio da palavra.