Ainda Ontem

Ritual, irmandade e raízes em "Ainda Ontem" de Emicida

Em "Ainda Ontem", Emicida compara o freestyle a uma oração espontânea, mostrando como a improvisação é vista por ele e seus parceiros como um ritual autêntico e sagrado. O verso “Freestyle é tipo oração, só se faz, não pensa / 40 segundos e uma missão extensa” destaca que o improviso vai além da técnica: é um momento de entrega total, onde corpo, alma e coração se unem em busca de algo maior, quase transcendental.

A música nasceu do encontro de MCs nas batalhas de freestyle da Galeria Olido, e a letra celebra essa irmandade e gratidão, como em “Fechei com os meus parceiro, num juramento de gratidão”. O cavaquinho de Fióti traz um toque brasileiro, reforçando o orgulho das raízes e da vivência nas ruas. Emicida valoriza a autenticidade e a trajetória de quem veio de baixo, como mostra o trecho “Eu não quero fazer o que eu posso, eu posso fazer o que eu quero / Porque a vida me deu improviso na veia”, evidenciando a confiança conquistada pelo esforço nas batalhas. No final, ele se reconhece como parte de uma tradição, mas sem perder a humildade: “Mas sempre fui só o fi da Jacira que faz as rima da hora”, reafirmando sua origem e respeito por quem veio antes. Assim, a música celebra o presente, as raízes e a coletividade do rap brasileiro.