Rotina

Solidão e inspiração no cotidiano de “Rotina” de Emicida

A música “Rotina”, de Emicida, explora como o processo criativo do artista está profundamente ligado à solidão e à repetição dos dias, especialmente durante as madrugadas. Emicida transforma pequenos rituais, como buscar samples em discos de vinil e preparar chá, em formas de dar sentido à sua rotina. Esses gestos simples funcionam como refúgio diante das incertezas emocionais e técnicas do trabalho artístico. No trecho “O chá ferve na cozinha, porque tô lá com o radinho / Apertando o play no Cartola, eu odeio sofrer sozinho!”, fica claro que a música é mais do que profissão: ela é companhia e consolo para as noites solitárias.

A letra também aborda a distância nos relacionamentos, mostrando que a separação emocional pode ser mais dolorosa do que a física. Em “Dá mó medo da distância matar tudo que eu tenho / Distância amigo, não é vários quilômetros quadrados / Quantas vezes cê tá distante, mesmo tando do lado”, Emicida revela um tema recorrente em sua vida e obra. A referência à mãe, Jacira, reforça a importância das raízes familiares: “Ter sido criado por uma mulher é o que me fez um homem”.

A rotina, para Emicida, não é apenas repetição, mas fonte de inspiração e disciplina. O ciclo de noites em claro, problemas técnicos e a busca por versos autênticos mostram seu compromisso com a verdade: “Não precisei ler Confúcio, amigo / Pra saber que não pode ter distância entre o que eu faço e o que eu digo”. Assim, “Rotina” retrata o cotidiano do artista e reflete sobre como a música e a honestidade ajudam a enfrentar a solidão, a saudade e os desafios da vida.