
A mema praça (part. Rashid e Projota)
Emicida
Mil mulecotes e shots de Balalaika
Corte, é o choque e os shots são bala, lá e cá
Pra quem Deus torce? Pinote, a guerra é Laica
Pros bota, o norte é minha morte, estilo laika
Dois mais dois igual a cinco, fudeu, que matemática!
Foge, ó o poste, minto (minto!), presos tipo Ática
Pique NAS, sonho sem celas, volte África
Leicas, likes, lóquis e cops de automática
Plateia asmática, tosse, qual a tática?
No chão como epilético, torto, pupila estática
Vermelho olho lacrimeja, cena dramática
Tromba rota no beco, arrepia sem estática
Palmeiras e Palmares, cerne da problemática
Peles de reles pretos, lógica pragmática
Fugir pro mato com medo, população apática
Firmou o que nóis ganhou desde cedo, só apátrida
Mais frio do que Antártida, gambé segue a prática
A cena que o ibope aplaude é sintomática
Fora das quatro linha, a violência é democrática
Polícia arrastou memo, a noite tava fantástica
Vai!
Vai!
Eu a mina e os cara, do nada o povo dispara, correr
Geral em danger, tipo um rolezinho na Zara
Compara, cria uma escara, na cultura não acha
Favela mal pegou no lápis, polícia desce a borracha
E não para, nóis no desforre
Pique povo Guajajara
Multidão na escada, corre!
Quem tentou parar, rodara
Heróis no pau de arara
A imprensa tá tirando, o que chamaram de conflito
Só tinha um lado atirando
Sem camisa e com pressa
Os bico apontando suas peças
Nóis andando em cacos de vidro
É tipo pagador de promessa
O Choque veio forte em quem grudou na grade
Entre pedra e ferro o ódio conduziu a eletricidade
Fui pra ver quatro gênios, ganhei lacrimogêneo
Uma quimera que deságua na esfera de tungstênio
E desfere o relato singelo na voz do malaco
Então pergunta pro Barcellos quem tentou deixar nóis em caco
Armaram o corredor Polaco, vocês jogam, eu rebato
Sou treinado em taco, passo voado, carro eslovaco
Num ponto fraco, naco de força contra os opacos
E a gente só queria liberdade igual Otaku!
Era o show da minha vida e nem no palco eu tava
Meu grito era como um apelo enquanto eles cantava
Um, dois, um, dois, e o desespero que a bala voava
Foi transformando em pesadelo o dia que eu sonhava
Justo no show do Racionais, ação irracional
Eu vi muita estratégia, parecia passional
Ficou clara a vida loka
A praça da Sé virou Minnesota
E a gente era 30 mil George Floyd em potencial
E eu com chinelo na mão corri pra não virar saudade
E quando queimou o busão, e quando parou a cidade
Parecia cenário de guerra, na terra da oportunidade
Fizeram de tudo possível pra gente não sair da comunidade
Não teve mais rap no centro
Quatro anos sem a gente poder se ouvir
Até que em 2011 retornou com Projota e Ogi
Batemos o recorde de público
Chorei quando do palco eu desci
Sem V de Vingança, só V de Vitória
Porra, é o rap, fi!
Nóis é a massa, se bate, cresce
A gente amassa
Nóis é a rua
Nóis não recua
Não há quem faça
Um homem na estrada volta pra casa trazendo a taça
Mas demorou, porque até Jesus chorou naquela praça



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