BANG! (part. Adriana Drê)

Crítica social e autenticidade em "BANG! (part. Adriana Drê)"

Em "BANG! (part. Adriana Drê)", Emicida faz uma crítica direta à superficialidade presente em parte da cena do rap, ao mesmo tempo em que destaca questões sociais urgentes das periferias. A referência a Dorothy Stang, símbolo de luta por justiça social, e versos como “o gueto morrendo nos corró / E o rap brigando na net pra ver quem tem um tênis melhor” mostram o contraste entre problemas reais e disputas fúteis dentro do próprio movimento. Emicida também valoriza a tradição do rap ao citar Slick Rick, conhecido por suas narrativas, e usa a figura de Ben 10 para representar transformação e resiliência, reforçando a importância de manter o foco e não se desviar dos objetivos diante das dificuldades sociais e culturais.

A música aborda ainda a hipocrisia e a apropriação cultural, como no verso “Mas não abraço que de ontem pra hoje ser preto ficou legal”, criticando quem adota elementos da cultura negra apenas quando estão em alta, sem respeitar sua história e sofrimento. Ao comparar a dor dos judeus com a dos negros, Emicida evidencia como o sofrimento de alguns grupos é levado a sério, enquanto o de outros é minimizado. O refrão destaca a necessidade de vigilância e consciência coletiva, sugerindo que, em meio à multidão, é fundamental reconhecer quem realmente compartilha dos mesmos valores e lutas. O verso “Nem todo mundo que tá é / Nem todo mundo que é tá” resume a ideia de autenticidade: nem todos que estão presentes representam de fato a essência da luta, e nem todos que representam estão visíveis.