É Preciso Dar Um Jeito

Contradições e resistência em “É Preciso Dar Um Jeito”

Em “É Preciso Dar Um Jeito”, Emicida faz uma análise crítica das contradições do Brasil atual, logo no início ao mencionar “terra de foices, martelos e iPhones”. Essa frase destaca como símbolos do comunismo e do capitalismo coexistem no país, refletindo uma sociedade marcada por desigualdades e paradoxos. O rapper cita nomes como John Coltrane, Belchior e Geraldo Vandré, conectando sua luta social a uma tradição de resistência e reflexão, tanto musical quanto ideológica. Ao se descrever como “ciclone” e “rapaz comum Hurricane”, Emicida sugere que sua arte tem força para provocar mudanças, mesmo diante das adversidades.

A letra aborda de forma direta a realidade de muitos brasileiros: “calos a sóis em redes sociais, bem São Paulo / Com a cor de quem morreu feto / Tudo inseto, com calcanhar rachado / Com sonho e sem teto”. Aqui, ele evidencia a marginalização, o racismo e a luta diária por sobrevivência, além de criticar a superficialidade das redes sociais e a exclusão social. O verso “Cês mata os índios e vende cocar com logo da Copa” denuncia a apropriação cultural e a hipocrisia em relação às causas indígenas, enquanto “Ditadura ridícula, canta liberdade e vive a repressão” expõe a distância entre o discurso oficial e a realidade política. Ao citar Aldous Huxley e “Admirável Mundo Novo”, Emicida amplia sua crítica para um contexto global de alienação e manipulação social.

O refrão reforça a ideia de resistência e superação, comuns à trajetória de muitos brasileiros. No final, Emicida alerta para o risco de perder a essência diante do consumismo e das tendências: “Meus valores dizem calma / Não se afaste da raiz”. Assim, a música se apresenta como um chamado à ação e à reflexão, defendendo a necessidade de enfrentar injustiças sem abrir mão dos valores fundamentais.