Komwé

Autenticidade e crítica social em “Komwé” de Emicida

“Komwé”, parceria entre Emicida e Kamau, utiliza a expressão popular que significa “como é” ou “como foi” para questionar julgamentos superficiais e a falta de autenticidade no meio social e artístico. A letra vai além da crítica à fofoca e ao julgamento alheio, trazendo reflexões sobre a trajetória dos próprios artistas. Emicida destaca isso ao dizer: “Leandro quase morreu de fome, ninguém deu um piu”, apontando a hipocrisia de quem só aparece para opinar após o sucesso, sem conhecer as dificuldades enfrentadas anteriormente.

A música adota um tom direto e sarcástico, especialmente ao abordar pessoas que opinam sem conhecimento: “você não sabe komwé, como foi, qual vai ser e quer falar sem saber”. Emicida reforça sua autenticidade ao afirmar: “eu vim deixar uma coisa clara tiozin, entenda, eu falo pelas ruas, as ruas não falam por mim”, mostrando que sua voz é fruto de vivência real, não de discursos repetidos. Expressões como “bisbilhotar é coisa feia” e “não vou pagar propina pra fiscal da vida alheia” criticam a invasão de privacidade e a cobrança injusta sobre sua conduta.

No contexto do rap brasileiro, que passa de uma fase “gangsta” para uma abordagem mais consciente, “Komwé” rejeita a necessidade de aprovação externa e valoriza a experiência própria. A mensagem central é clara: cada um deve cuidar da própria vida, como resume o verso “o segredo da paz mundial é cada um cuidar da sua vida”. Assim, a música se firma como um manifesto pela autenticidade e pelo respeito às trajetórias individuais, denunciando a superficialidade das críticas e a falta de empatia de quem julga sem conhecer a realidade dos outros.