Mãe

Força materna e resistência negra em “Mãe” de Emicida

A música “Mãe”, de Emicida, é uma homenagem direta à força e à resiliência das mulheres negras, representadas principalmente por Dona Jacira, mãe do artista. Emicida expõe as dificuldades enfrentadas por sua mãe, como no verso “limpando o chão desses boy cuzão”, mostrando a realidade de trabalhos subalternos e o racismo estrutural. Ele também compartilha sua própria vulnerabilidade, ao revelar que pensou em suicídio aos oito anos, evidenciando o impacto das adversidades familiares e sociais. O trecho “Profundo ver o peso do mundo nas costa de uma mulher” resume o reconhecimento do sacrifício materno, enquanto referências a Malcolm X e à vida “de quadrada, 12, madrugada e pose” contrastam a busca por identidade com a dificuldade de valorizar gestos simples, como “lavar uma louça”, que ganham significado afetivo e social na narrativa.

O refrão destaca a ligação entre mãe e filho, com a imagem das mãos que “ainda encaixam certo” e a voz materna como guia e proteção constante. Emicida utiliza metáforas fortes para valorizar a luta diária das mulheres negras, como em “Pra nós, punk é quem amamenta enquanto enfrenta a guerra”, mostrando o cotidiano como resistência. O verso “Quando disser que vi Deus, ele era uma mulher preta” eleva a figura materna ao sagrado, reconhecendo sua importância central. O poema recitado por Dona Jacira ao final, narrando o nascimento do artista, encerra a canção de forma íntima e celebratória. O clipe, lançado próximo ao Dia das Mães e retratando a infância de Dona Jacira, reforça o tributo à trajetória de superação e amor materno.