Mandume (part. Drik Barbosa, Rico Dalasam, Amiri, Muzzike e Raphão Alaafin)

Resistência e orgulho negro em "Mandume" de Emicida

"Mandume (part. Drik Barbosa, Rico Dalasam, Amiri, Muzzike e Raphão Alaafin)", de Emicida, transforma a história do rei angolano Mandume ya Ndemufayo em um símbolo atual de resistência e orgulho negro no Brasil. O refrão, repetido de forma marcante, rejeita a postura submissa esperada da população negra e periférica: “Eles querem que alguém que vem de onde nós vem / Seja mais humilde, baixe a cabeça / Nunca revide, finja que esqueceu a coisa toda / Eu quero é que eles se...”. Essa recusa direta expressa o desejo de Emicida de que o entretenimento represente de verdade a vivência negra, como ele já afirmou em entrevistas.

A letra traz referências históricas e culturais importantes, como Zumbi, Sundiata Keita e Kunta Kinte, reforçando a ancestralidade e a continuidade da luta negra. Drik Barbosa desafia o machismo e o racismo ao dizer: “Quem diz que mina não pode ser sensei? Ginguei, sim, sei”, e critica a objetificação da mulher negra ao mencionar o estereótipo da Globeleza. O verso “Sou fogo no seu chicote, enquanto a pessoa for morte, pra manter a ideia viva” rejeita a submissão histórica e faz referência à violência sofrida pelos negros, destacando a importância de manter a resistência. O clipe amplia essa mensagem ao reunir figuras negras de destaque e homenagear Elza Soares e Leci Brandão, celebrando a representatividade e a vitória coletiva. "Mandume" é um grito de afirmação, exigindo respeito, protagonismo e justiça para a população negra.