Mesmas Cores & Mesmos Valores

Identidade e resistência em “Mesmas Cores & Mesmos Valores”

Em “Mesmas Cores & Mesmos Valores”, Emicida faz uma homenagem direta ao clássico “Cores & Valores” dos Racionais MC's, reafirmando a identidade e a resistência negra no rap brasileiro. O refrão repetido, “Somos o que somos / Cores e valores”, funciona como um mantra de orgulho e pertencimento, reforçando a importância de manter raízes e princípios mesmo diante das transformações sociais e tecnológicas. O contexto do álbum, com falas de Dona Jacira e participações das filhas de Emicida, destaca a transmissão de valores entre gerações, fortalecendo o sentido de comunidade e continuidade.

A letra mistura referências culturais, históricas e urbanas para construir uma narrativa de força e autenticidade. Quando Emicida diz “Sociedade secreta, maçonaria preta / Domador de caneta”, ele se coloca como parte de uma irmandade de resistência intelectual e artística. Ao afirmar “Ibiza não é minha meta”, rejeita padrões de ostentação importados, valorizando conquistas reais e locais. O verso “Suas IAs até copiam quem cria, mas não bate, mano” critica a superficialidade e a falta de originalidade, defendendo a criatividade genuína. As menções a figuras como Drogba, Pogba e Kerouac, além de referências ao cinema e à moda, mostram que o rap pode dialogar com diferentes universos sem perder sua essência. O contraste entre “Instagram para quem tem pose / A rua para quem tem postura” resume a mensagem central: mais do que aparência, o que importa são os valores e a atitude diante da vida.