Samba do Fim do Mundo (part. Fabiana Cozza / Juçara Marçal)

Crítica social e resistência em "Samba do Fim do Mundo"

Em "Samba do Fim do Mundo (part. Fabiana Cozza / Juçara Marçal)", Emicida se apresenta como "a contraindicação do carnaval", deixando claro que sua proposta vai além da celebração típica da maior festa popular do Brasil. Ao invés de promover o escapismo, a música faz um convite à reflexão sobre as desigualdades sociais. Expressões como "MST da rede social" e "reforma agrária da música brasileira" mostram como Emicida conecta a luta por direitos à ocupação de espaços simbólicos e digitais, sugerindo que a resistência também acontece pela arte e pela presença online. O artista utiliza essas metáforas para questionar estruturas de poder e denunciar injustiças, aproximando o rap do samba para unir diferentes vozes e tradições na crítica social.

A letra traz referências diretas à violência, exclusão e racismo, como em "Brasilândia, capão, Vidigal / Estopim da guerra racial" e "Favela queima como o congresso deveria". Emicida faz um paralelo entre a marginalização das periferias e a impunidade das elites políticas, sugerindo que a verdadeira transformação deveria atingir o centro do poder. Termos como "bomba, redenção, napalm" e "máquina de moer pobre" reforçam o tom de urgência e denúncia. As participações de Fabiana Cozza e Juçara Marçal aprofundam a ligação com o samba, gênero historicamente associado à resistência negra. O refrão, ao afirmar "é preciso amar, é preciso lutar / e resistir até morrer", resume a mensagem de perseverança, coragem e solidariedade diante das adversidades coletivas e individuais.