A Cor

Resistência e orgulho racial em "A Cor" do Facção Central

"A Cor", do Facção Central, é uma música que vai além da denúncia do racismo, trazendo um chamado direto à resistência e ao orgulho racial. O grupo desafia a ideia de que a cor da pele pode ser motivo de vergonha e destaca como o preconceito é mantido tanto por quem discrimina quanto por quem se cala diante dele. O refrão, "A nossa cor não é motivo de vergonha / Vergonha é não lutar e se acomodar", resume a mensagem central: o erro está em aceitar o racismo passivamente, não na identidade de cada um.

A letra reflete o contexto do rap paulistano dos anos 90, período marcado pela marginalização das periferias e pela violência policial. Isso aparece em versos como: "Muitas formas de você reconhecer um racista / E a mais fácil com certeza pra dizer, polícia". A música também critica a hipocrisia social, mostrando que o valor da pessoa negra só é reconhecido quando ela conquista sucesso financeiro: "Se eu tivesse muito você idolatrava minha pele". O Facção Central reforça seu papel como voz de resistência, incentivando negros e brancos a rejeitarem o preconceito e valorizarem sua identidade, como no trecho: "Serve pra brancos e todos que não cultivam o preconceito". Assim, "A Cor" se apresenta como um manifesto contra a acomodação e um convite à luta coletiva por respeito e igualdade.