A Paz Está Morta

Violência e desesperança em “A Paz Está Morta” do Facção Central

Em “A Paz Está Morta”, o Facção Central retrata de forma direta e impactante a realidade das periferias marcadas pela violência. A imagem da “paz morta, desfigurada no IML” mostra como a violência se tornou tão comum que até a ideia de paz parece ter sido assassinada. O grupo usa essa metáfora para denunciar não só a frequência dos crimes, mas também a sensação de que a esperança foi destruída junto com as vítimas, como no verso “A luz no fim do túnel infelizmente aqui se apagou”. O contexto do álbum, lançado após o grupo sofrer censura, reforça o tom de denúncia e resistência, mostrando que a repressão não silencia quem vive essa realidade.

A letra também destaca a perda da infância e da inocência, mostrando crianças que, em vez de brincarem, “estão com ódio no peito, com uma 12 ou fumando crack”. O ciclo de violência é alimentado pela falta de oportunidades e pelo abandono social, ilustrado pela família dormindo em uma caixa de papelão e pelo “muleque de dez anos” já envolvido no crime. A “marcha fúnebre” simboliza a continuidade desse sofrimento coletivo, onde cada morte representa mais um capítulo de uma tragédia anunciada. Ao dar voz a essas histórias, o Facção Central não só denuncia, mas desafia a sociedade a encarar de frente a dura realidade das periferias, marcada por tristeza, revolta e desesperança.