Justiça Com As Próprias Mãos

A denúncia social e a revolta em “Justiça Com As Próprias Mãos”

“Justiça Com As Próprias Mãos”, do Facção Central, é uma música que escancara a revolta das comunidades marginalizadas diante da impunidade e do luxo ostentado por políticos e elites. A letra inverte a lógica tradicional do julgamento ao colocar o “monstro do horário político” de joelhos, sendo julgado e condenado por quem normalmente é vítima do sistema. Essa inversão funciona como uma metáfora para a busca de justiça real, já que a justiça oficial é retratada como falha e cúmplice das desigualdades sociais.

A música utiliza imagens fortes para denunciar a exploração e o abandono social. Trechos como “coloca obra de arte valiosa na parede / Eu tô aqui, defendendo o interesse da favela / Que quer teu sangue pra preencher, o vazio da panela” evidenciam o contraste entre o luxo dos poderosos e a miséria dos pobres. A letra também aborda temas como crianças forçadas à prostituição, jovens no tráfico e a falta de oportunidades, exemplificado em “em vez de escola, me deu um fuzil”. O refrão, com sua violência verbal, reforça a revolta coletiva: “Pelo sangue da guerra civil, pela criança dormindo no frio... Vai pra puta que o pariu!”.

A música ainda faz uso de ironias e duplos sentidos, criticando o discurso político vazio e a falsa promessa de mudança pelo voto, como em “Que é preciso investigar antes de votar / Mas cadê biblioteca, escola pra eu me informar?”. O tom é de denúncia e indignação, mostrando a “justiça com as próprias mãos” como resposta desesperada à ausência de justiça institucional, responsabilizando diretamente políticos e elites pela perpetuação da violência e exclusão social.