Dias Melhores Não Virão

Desigualdade e violência em "Dias Melhores Não Virão"

Em "Dias Melhores Não Virão", o Facção Central expõe de forma direta a dura realidade das periferias brasileiras. A repetição do verso “Tem mina terrestre em cada palmo do chão / Dias melhores não virão” destaca o clima de perigo constante e a falta de esperança para quem vive nesses territórios. A metáfora da "mina terrestre" reforça a ideia de que cada passo pode ser fatal, conectando a vida nas periferias a campos de extermínio, como sugere o título do álbum. Essa imagem denuncia não só a violência policial e a repressão do Estado, mas também a própria estrutura social, que parece armada contra os moradores dessas comunidades.

A letra traz exemplos concretos de brutalidade policial, como em “Êxito na operação: Criança alvejada nas costas”, e evidencia a desigualdade social ao comparar a vida dos ricos e dos pobres: “Madame de olho azul, cliente da Daslu / Lançando bolsa que vale minha goma na Sul”. O grupo mostra como a exclusão e a violência são sistemáticas, e critica o sistema de justiça e a política, como em “Aqui juiz não tem moral pra condenar o Eduardo / Pro político matando o povo, magistrado fica de quatro”. O Facção Central deixa claro que a criminalidade e a violência não são escolhas, mas resultado do abandono e da falta de oportunidades: “Não julga não cuzão, com meu grau de instrução / Não sou apto nem a jogar lixo no caminhão”. Assim, a música serve como um retrato cru da luta diária por sobrevivência e da ausência de perspectivas, reforçando a mensagem amarga do título.