765 Motivos Pra Morrer

Realidade e denúncia social em “765 Motivos Pra Morrer”

“765 Motivos Pra Morrer”, do Facção Central, retrata de forma direta e impactante os inúmeros perigos que cercam a vida nas periferias urbanas do Brasil. O título já sugere a quantidade quase incontável de ameaças enfrentadas diariamente, como violência policial, envolvimento com o crime, uso de drogas e a marginalização social. A letra traz exemplos concretos, como em “No resultado do IBGE, na contagem periódica / Não aparece como habitante, só como necrópsia”, mostrando como essas vidas são ignoradas e só aparecem nas estatísticas de mortes, reforçando a crítica social do grupo.

O Facção Central utiliza ironia e metáforas para desmontar o glamour do crime, como ao citar “Al Capone, Don Corleone, Tommaso Buscetta / Morrendo roubando maçã na feira”, evidenciando a dura realidade dos jovens da periferia. Expressões como “micro-ondas do morro ver seu corpo derreter” fazem referência a execuções brutais, mostrando o nível de violência e desumanização. O refrão, repetido de forma marcante, reforça o destino trágico de quem entra para o crime: “Embalo nasce pra seguro, pedir perdão e sofrer”.

Apesar do tom crítico, a música também propõe reflexão e mudança, como em “Ainda é tempo, cata a Biz e sai voado! / Vai comprar um caderno e terminar o ginásio / Sua família prefere um faxineiro saudável / Do que o rei da malandragem dividido com um machado”. O grupo sugere que há alternativas ao ciclo de violência, valorizando a dignidade e a sobrevivência. Lançada no álbum “Direto do Campo de Extermínio”, a faixa se destaca como uma denúncia contundente das desigualdades e brutalidades vividas nas periferias, servindo de alerta e conscientização para quem enfrenta essa realidade.