Sem Limites

Violência e denúncia social em "Sem Limites" do Facção Central

"Sem Limites", do Facção Central, é uma música que escancara o abuso sexual infantil e denuncia a omissão social e institucional diante dessas violências. O grupo constrói uma narrativa direta e impactante, mostrando o ciclo de sofrimento da vítima, que vai do abuso dentro de casa à revitimização pela sociedade. Um exemplo marcante está nos versos: “A estação da Luz tem mais uma prostituta / Na cotação do cafetão, criança é mercadoria fina”, que expõem como meninas abusadas acabam sendo exploradas sexualmente nas ruas. O Facção Central utiliza uma linguagem crua e imagens fortes para obrigar o ouvinte a encarar uma realidade frequentemente ignorada, reforçando o papel do rap como denúncia social.

A música também aborda a dinâmica de "justiça" dentro do sistema prisional, onde agressores sexuais são punidos por outros detentos, como em: “Sou mais o laudo carcerário, 2-1-3 arrombado / Que amanhece com um rodo atolado no rabo”. Essa referência mostra a visão do grupo sobre a moralidade distorcida tanto fora quanto dentro das prisões, sugerindo que, mesmo em ambientes marginais, há limites que não podem ser ultrapassados sem consequências. Além disso, a letra critica a hipocrisia de instituições como a polícia e denuncia o turismo sexual, mostrando que o abuso é perpetuado e acobertado por diferentes setores da sociedade. O refrão, com o desejo de "brincar de te enterrar vivo", sintetiza o trauma e a busca por justiça da vítima, deixando claro o peso e a gravidade do tema abordado.