A Paz É Uma Pomba Branca

A exclusão da paz em "A Paz É Uma Pomba Branca"

"A Paz É Uma Pomba Branca", do Facção Central, expõe de forma direta como o símbolo da paz, representado pela pomba branca, não se concretiza para quem vive nas periferias brasileiras. O verso “A paz é uma pomba branca, se uma criança pobre soltar, suas asas não se mexem” mostra que, para os marginalizados, a paz é um ideal distante, quase inacessível. A escolha da pomba branca, tradicionalmente associada à esperança e espiritualidade, reforça o contraste entre o discurso de paz e a dura realidade de exclusão, violência e falta de oportunidades enfrentada por essas comunidades.

A letra apresenta diferentes personagens — crianças, detentos, aposentados, desempregados, professores e jovens da periferia — para mostrar que todos veem a pomba, mas poucos realmente a conhecem, pois a paz não se realiza em suas vidas. O trecho “E todos a vêem, mas só quem merece, realmente, a conhece” critica a desigualdade, indicando que a paz é privilégio de poucos, enquanto a maioria enfrenta uma luta diária por sobrevivência. No final, a música faz um apelo à responsabilidade social ao afirmar: “Só depende de você o lado do muro que eu vou ficar / Ou de dentro ou de fora”, destacando que o futuro dos jovens está diretamente ligado às oportunidades oferecidas. Assim, Facção Central usa uma metáfora simples e forte para denunciar a distância entre o discurso de paz e a realidade das periferias, incentivando a reflexão sobre justiça social e empatia.