A Minha Voz Está No Ar

Voz de resistência e denúncia social em “A Minha Voz Está No Ar”

Em “A Minha Voz Está No Ar”, o Facção Central faz uma denúncia direta sobre a repressão violenta enfrentada por quem expõe as injustiças da periferia. O verso repetido “A boca só se cala quando o tiro acerta” deixa claro que, para muitos, apenas a morte pode silenciar quem desafia o sistema. A letra traz imagens fortes do cotidiano, como “Eu sou o sangue e o defunto no chão da favela” e “A oração da tia sem comida / O mendigo com a perna cheia de ferida”, mostrando a brutalidade policial, a desigualdade social e a falta de oportunidades. Essas passagens se conectam ao contexto do álbum “Versos Sangrentos”, marcado pelo confronto aberto ao Estado, à polícia e às elites, transformando a realidade da periferia paulistana em símbolo de resistência.

A música não romantiza a violência, mas a apresenta como resultado do abandono social e da opressão. Ao citar situações como “o ladrão que mata o playboy”, “o viciado que toma tiro do gambé do goe” e “a criança vendendo seu corpo por nada”, o grupo mostra que a criminalidade e o sofrimento são consequências de um sistema desigual. O trecho “Não aceno bandeira, não colo adesivo / Não tenho partido, odeio político / A única campanha que eu faço é pro ensino / E pro meu povo se manter vivo” reforça a postura de denúncia e independência política, priorizando a educação e a sobrevivência como formas de resistência. O refrão, repetido de forma marcante, destaca que, enquanto houver injustiça, a voz do Facção Central seguirá ativa, mesmo sob ameaça, até o fim.