Não Quero Ser o Próximo Defunto

Sobrevivência e resistência em "Não Quero Ser o Próximo Defunto"

"Não Quero Ser o Próximo Defunto", do Facção Central, traz uma recusa clara ao destino marcado pela violência e marginalização nas periferias. A música vai além da denúncia social ao mostrar o dilema de quem cresce cercado pela pobreza e pelo crime, mas busca alternativas para não se tornar mais uma vítima. O verso “Eu não vou ser o traficante vendendo na esquina” expressa o desejo de romper com esse ciclo, enquanto “Não quero flores no meu túmulo / Nem ser o próximo defunto” reforça a urgência de sobreviver sem recorrer ao crime, mesmo diante do abandono do Estado e da falta de oportunidades.

A letra critica diretamente a hipocrisia dos políticos, como no trecho “fulano de terno, no palanque / Falando de saúde, educação, traficante / Abraçando criança, beijando na testa / Só porra de promessa”, que evidencia a frustração com promessas vazias feitas em época de eleição. Metáforas como “A grade é uma escola: Aprendeu, não vai voltar” e “Seu sonho vira pó, numa 12 cano serrado” ilustram a pressão do ambiente e as consequências fatais do crime. O refrão repetitivo funciona como um grito de resistência, reafirmando o desejo de viver com dignidade, mesmo que isso signifique abrir mão de sonhos materiais. Assim, a música se torna um manifesto de sobrevivência e denúncia, humanizando quem vive à margem e mostrando que a escolha pelo crime é, muitas vezes, uma resposta desesperada à exclusão social.