Asfalto do Catete

Identidade e perdas no cotidiano de “Asfalto do Catete”

Em “Asfalto do Catete”, Filipe Ret utiliza a expressão “KTTZOO” no início e no fim da música como uma marca registrada do Catete, seu bairro de origem. Esse termo, criado a partir do dialeto local que inverte sílabas, vai além de um simples bordão: ele reforça o sentimento de pertencimento e orgulho das raízes, conectando a experiência pessoal do artista à cultura da comunidade retratada na canção.

A letra apresenta um retrato direto das transformações e perdas vividas por Ret e seus amigos no bairro. O artista fala abertamente sobre a dor da saudade e a sensação de perda constante, como no verso “Me dividi pela metade a cada um que vi partir”, que se refere tanto à morte de amigos quanto à prisão, exemplificada em “Aron cadê você? Rogério na cadeia chora / Junto com dropê, que taria muito melhor jogando bola”. O trecho “O que era beck virou crack e a juventude tá internada” evidencia a degradação social e o aumento do uso de drogas pesadas, mostrando como a inocência da juventude foi substituída por uma realidade mais dura. Ao mencionar sonhos de infância, como “fazer um funk bolado” e “ser o dono do bairro”, Ret contrapõe as aspirações juvenis à frustração e à violência do cotidiano, criando um tom nostálgico e reflexivo sobre o amadurecimento forçado pelas circunstâncias do asfalto do Catete.