Lenda

Dualidade entre sucesso e autenticidade em “Lenda”

“Lenda”, de Filipe Ret, explora a tensão entre ostentação material e a busca por autenticidade no contexto urbano. A letra destaca conquistas como carros de luxo — “MacLaren all black, com detalhe em fibra, aro 21” — e marcas famosas — “Tô de Rider ou Versace” —, mas também enfatiza a importância de não perder a essência: “Nunca vendi minha essência”. Essa dualidade reflete o cenário do trap brasileiro, onde o sucesso financeiro é celebrado, mas manter as raízes e a originalidade é fundamental.

O tom confiante da música aparece em versos como “Na pior criei a melhoria” e “Eu vim de baixo, ela quer vim por cima”, que reforçam a autossuficiência e a superação. O trecho “Eu sou real, ela é minha fantasia” diferencia o que é concreto do que é idealizado, mostrando a relação entre o artista e o estilo de vida ao seu redor. Metáforas como “um cisne negro” e “asa gaivota” reforçam a ideia de singularidade, enquanto “dois tiro pro alto, e um gole pro santo” conecta a letra à cultura de rua e à tradição de homenagear os que se foram, evidenciando respeito pelas origens.

A música também aborda a dureza do ambiente de origem do artista, mostrando a necessidade de se impor: “Só o fraco sente culpa” e “Ódio é o que eu sinto quando vacilão pede desculpa”. Ao mesmo tempo, há espaço para autorreflexão e valorização pessoal: “Hoje sou investidor, me chamavam de duro” e “Originalidade rara, referência”. Assim, “Lenda” equilibra a celebração do sucesso com uma reflexão sobre identidade, lealdade e o preço de se tornar uma referência.