L'abitudine

A Roda da Vida e a Ilusão da Felicidade em 'L'abitudine' de Francesco Gabbani

A música 'L'abitudine' de Francesco Gabbani é uma reflexão profunda sobre a rotina e a busca incessante pela felicidade. A letra começa descrevendo a vida cotidiana das pessoas, comparando-as a uma roda-gigante que nunca para de girar. Gabbani utiliza metáforas como 'valzer delle cameriere' e 'tacchi delle signore' para ilustrar a repetição e a monotonia das atividades diárias. A imagem dos 'mosconi e chiacchiere' nos salões de cabeleireiro e das pessoas nos supermercados durante os fins de semana reforça a ideia de uma sociedade presa em um ciclo interminável de consumo e superficialidade.

A canção também aborda a alienação e a conformidade, destacando como as pessoas se deixam levar pela rotina e pelas expectativas sociais. A frase 'comprare ed essere comprati' sugere que, na busca por bens materiais, as pessoas acabam se tornando mercadorias elas mesmas. Gabbani critica a superficialidade das interações humanas, exemplificada pelo 'sorriso delle cassiere' e a promessa de 'soddisfatti o rimborsati'. A repetição do refrão 'beato il cane al passo del padrone' e 'chi ha confuso l’abitudine con la felicità' enfatiza a ideia de que muitos confundem a segurança da rotina com a verdadeira felicidade.

No final, Gabbani faz uma crítica mais direta à sociedade, mencionando aqueles que preferem não saber ou não se importar com a realidade ao seu redor. A referência ao 'gallo canti tre volte' evoca a negação de Pedro na Bíblia, sugerindo uma traição à própria consciência. A música termina com uma nota de resignação, reconhecendo que muitos continuarão a girar na roda da vida, confundindo a rotina com a felicidade verdadeira. 'L'abitudine' é, portanto, uma crítica poética e melancólica à vida moderna e à busca ilusória pela felicidade através da conformidade e do consumo.