Sutjeska / Farol

Solidão e autoconhecimento em “Sutjeska / Farol” da Fresno

O título “Sutjeska / Farol” faz referência direta à experiência de Lucas Silveira, vocalista da Fresno, durante um período de isolamento no Parque Nacional de Sutjeska. Esse contexto pessoal se reflete na atmosfera introspectiva da música, que aborda a solidão não apenas como ausência de companhia, mas como um momento de reflexão e transformação interna. A primeira parte, “Sutjeska”, remete ao cenário de contemplação e isolamento vivido por Lucas, enquanto “Farol” traz o símbolo do farol como elemento central da segunda metade da canção.

O farol representa tanto esperança quanto dor: “guia os barcos até o cais, mas queima os nossos olhos”, mostrando que buscar direção pode ser necessário, mas também doloroso. A letra destaca o contraste entre sentir e se proteger das emoções, como em “Bem aventurados os que mentem, felizes são aqueles que não sentem”. Aqui, a felicidade é associada à negação dos sentimentos, enquanto quem sente profundamente acaba “sentenciado à reclusão”. O isolamento é reforçado pela imagem do farol, que ilumina, mas também distancia, colocando o narrador em um lugar de observação afastada. Mesmo assim, há uma persistência em buscar sentido, guiado por “um milhão de estrelas”, sugerindo que, apesar da solidão, existe uma vontade de seguir em frente, mesmo que o retorno dependa de fatores externos, como “o vento me fizer voltar”. A música transforma a experiência pessoal do artista em uma reflexão universal sobre solidão, autoconhecimento e a dificuldade de lidar com emoções intensas.