Kevlar

Conflito interno e vício em "Kevlar" de Ghost Mountain

"Kevlar", de Ghost Mountain, explora o contraste entre a busca por proteção e a autodestruição. O título faz referência ao material usado em coletes à prova de balas, simbolizando uma tentativa de se blindar contra dores emocionais, mesmo enquanto o artista se envolve em comportamentos autossabotadores. A letra menciona diretamente substâncias como Ritalina e Adderall, reforçando o tema do vício como uma forma de lidar com o sofrimento, mas que acaba se tornando uma armadilha recorrente. O verso “No way I'm quitting now / But then it's Flight 180 when I'm coming down” (De jeito nenhum vou parar agora / Mas então é Voo 180 quando estou na descida) ilustra o ciclo de negação e recaída, com "Flight 180" sugerindo uma queda brusca após o uso de estimulantes.

A música utiliza imagens marcantes para transmitir a sensação de fuga e fracasso, como em “running like a rabbit from a forest fire” (correndo como um coelho de um incêndio florestal) e “junkyard full of false starts” (ferro-velho cheio de começos fracassados). O trecho “packed to the seams / Like a burn pile way I lit up the trees” (cheio até o limite / Como uma pilha de queima, do jeito que incendeiei as árvores) sugere sobrecarga emocional e autodestruição. A referência a “staying in the bell jar” (ficar dentro do sino de vidro) remete ao isolamento e sufocamento, inspirada no livro de Sylvia Plath sobre saúde mental. Ghost Mountain também aborda temas de marginalidade e rejeição de autoridade, como em “pulling out a prophecy, Apollo” (tirando uma profecia, Apolo) e “I be the witch of the wood” (eu sou a bruxa da floresta), mostrando uma busca por sentido fora dos padrões convencionais. A produção sombria de Sematary Grave Man e Anvil reforça o tom cru da faixa, tornando "Kevlar" um retrato direto e inquietante da luta contra o vício e a alienação.