O Rio No Meu Quarto
Gilvandro Filho
O rio invade o meu quarto
Na escuro da madrugada
Quase tudo, quase nada
Minha cama, lento barco
Que me leva ao infinito
Que me navega e se acaba
O rio invade o meu peito
E faz marolas do sonho
Daquilo que me proponho
Em tudo que dou um jeito
A sirene é o meu grito
Eco em meu porto tristonho
O rio me lava de calma
Cada vez que amanheço
Me lembra do que me esqueço
E rega fios da minha alma
O rio é quase que um rito
Que, manso, eu subo e desço
O rio me divide ao meio
Destino em vão desabando
A cada margem beijando
E em todo mundo que veio
É tempo curto e finito
É o dia só começando
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