Invernia
Glênio Fagundes
Sou que nem água de sanga
Trazida pela enxurrada
Depois da chuva passada
Desaparece perdida
Que nem estrada comprida
Quando ausência sem chegada
Resta aragem tarde fria
Só no calor do amargo
Fico a escutar fantasmas
Que há muito tempo esquecia
O vento é feito de ausências
Quando sopra das taperas
Amortalhando quimeras
Espalhadas na querência
Eu desconheço distância
Maior que a transformação
Quando conserva a ilusão de um tempo que já apagado
Busca um presente passado na velha recordação
Me agrada o rancho solito
Sem alaridos por perto
Plantado num céu aberto
Junto ao capão de eucalipto
Gastei as léguas de moço
Em sonos que não vingaram
E só fiquei na distância
Dos rastros que se apagaram
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