SHEGUEY #243

Orgulho e superação em “SHEGUEY #243” de Gradur

Em “SHEGUEY #243”, Gradur faz um forte resgate de suas origens ao gravar o clipe em Kinshasa, capital da República Democrática do Congo. O número 243, que é o código telefônico do país, aparece como símbolo de identidade e resistência. O termo “Sheguey”, gíria congolesa para jovens de rua, reforça a ligação do artista com a vivência nas ruas e a luta por ascensão social. Na letra, Gradur afirma: “J'suis un Congolais, j'suis pas un Rwandais / C'est nous les meilleurs dans l'game, j'ai l'droit d'm'en vanter” (“Sou congolês, não sou ruandês / Somos os melhores no jogo, tenho o direito de me orgulhar”), deixando claro seu orgulho e pertencimento.

A música destaca a lealdade à família e ao grupo, como em “C'est tout pour la famille, le gang et la mama” (“É tudo pela família, pelo grupo e pela mãe”) e “J'fais croquer mes potos, j'donne rien à ces khar'” (“Faço meus amigos aproveitarem, não dou nada para esses caras”), mostrando que Gradur valoriza quem esteve ao seu lado nas dificuldades. Ele relembra o passado difícil: “J'ai grandi dans l'ghetto, c'était la hess comme pas permis / Mais hamdoullah, aujourd'hui j'suis sorti d'la zermi” (“Cresci no gueto, era uma dureza sem igual / Mas graças a Deus, hoje saí da miséria”), celebrando a superação sem esquecer suas raízes. O refrão e os versos sobre trabalho duro e domínio do território reforçam a ideia de conquista, enquanto as críticas a rivais e menções a “cheques en bois” (cheques sem fundo) trazem o clima de desconfiança e rivalidade do rap de rua. O retorno de Gradur após um tempo afastado marca a faixa com energia de renascimento, vitória e orgulho, misturando referências à cultura congolesa, à vida nas ruas da França e à superação pessoal.