Palpite (part. Maiara & Maraisa)

“Palpite (part. Maiara e Maraisa)”: saudade em coro

O título “Palpite” desloca a canção da certeza para a intuição: não é cobrança, é um chute esperançoso de que o amor reacenda. Na releitura de Henrique & Juliano com Maiara e Maraisa — apresentada no Música Boa Ao Vivo em 2017, com Marília Mendonça no palco — essa esperança ganha peso pela troca de vozes amigas, coerente com a parceria íntima entre as duplas. Ao regravar o sucesso de Vanessa Rangel, a letra aciona lembranças sensoriais e diretas: “debaixo do meu cobertor”, “na varanda em noite quente”, “do nosso banho de chuva”, “da língua tua”. O “truque do desejo” e o “gosto do beijo” indicam a memória do corpo mantendo a chama; “censurando o meu vestido” é ciúme bem-humorado, jogo de sedução. Até o “arrepio frio” em noite quente reforça a contradição da saudade.

O refrão “E aí! Será que você volta?” explicita a solidão em “Tudo à minha volta é triste/Me sinto só”, mas também oferece reaproximação: “O amor pode acontecer de novo pra você”. A ambiguidade é chave: convite para voltar ou desejo generoso de que a pessoa ame outra vez, mesmo longe — e o “Palpite!” sublinha conselho/intuição, não imposição. Com vozes masculinas e femininas alternadas, a versão vira diálogo de lembranças e desejo, ampliando a identificação de quem ouve. Esse encaixe nasce da proximidade real entre Henrique & Juliano e Maiara & Maraisa, com histórias como a de Henrique ter apresentado Marília Mendonça às irmãs. No palco, “as juras de amor ao pé do ouvido” soam como confidência compartilhada, íntima e aberta ao acaso de um novo encontro.