Passado É Passado

Fim e recomeço em “Passado É Passado”, de Henrique & Juliano

Lançada em 2010, no início da trajetória de Henrique & Juliano, “Passado É Passado” encena um término marcado pela falta de reciprocidade. O eu lírico revela o desequilíbrio afetivo ao dizer: “Machuca sempre quem te dá amor / Pra você deve ser curtição”. Entre a dor de “implorar” pela volta e a decisão firme de que “passado é passado”, a canção registra a virada emocional que sustenta sua narrativa: reconhecer que insistir não muda o que o outro não retribui.

As imagens de impossibilidades, como “o rio nunca vai se unir com o mar” e “o sol e a lua nunca vão se encontrar”, funcionam como hipérboles do desencontro. A primeira soa como um paradoxo consciente, usado para reforçar a distância intransponível entre os dois. Depois de admitir “você nunca me mereceu”, o narrador fecha a porta do passado e projeta um futuro mais justo: “a vida um dia vai me presentear com o amor de alguém que me queira amar”. O sentido é claro e resoluto: aceitar o fim, interromper a insistência que machuca e seguir adiante com esperança — tudo dito em linguagem direta, característica do sertanejo romântico que moldou a dupla no começo da carreira.