Butchered Tongue

Resistência cultural e memória em "Butchered Tongue" de Hozier

Em "Butchered Tongue", Hozier destaca como a língua é um elemento fundamental da identidade e da memória coletiva, especialmente em contextos de repressão cultural. Ao citar nomes de lugares como "appalacicola", "hushpukena" e "gweebara", ele evidencia como a supressão de línguas indígenas e regionais apaga histórias e conexões profundas. Esses nomes, que soam estranhos para quem não fala a língua original, simbolizam a perda de significado e pertencimento causada pelo colonialismo, tanto na Irlanda quanto em outras regiões colonizadas.

O verso “A butchered tongue still singin' here above the ground” (Uma língua massacrada ainda canta aqui acima da terra) resume a ideia de que, mesmo após tentativas violentas de erradicação, a língua e a cultura resistem, mesmo que de forma fragmentada. Hozier faz referência à Rebelião de Wexford e às torturas sofridas pelos irlandeses, como a mutilação de orelhas e escalpos, conectando a letra à brutalidade do colonialismo e ao sétimo círculo do inferno de Dante, tema central do álbum "Unreal Unearth". Ele reflete sobre a distância entre o que foi perdido para sempre e o que ainda pode ser recuperado, como nos versos “You may never know your fortune / Until the distance has been shown between what is lost forever / And what can still be known” (Você talvez nunca saiba sua sorte / Até que a distância seja mostrada entre o que está perdido para sempre / E o que ainda pode ser conhecido). Ao mencionar a revitalização do gaélico irlandês por artistas contemporâneos, Hozier celebra a resistência cultural e a importância de manter viva a memória coletiva, mesmo diante de uma "língua massacrada".