fantasmas

Memória e saudade em "fantasmas" de HUMBE

Em "fantasmas", HUMBE propõe uma visão sensível sobre o luto e a memória. Ao afirmar “en esta casa no existen fantasmas, son puros recuerdos” (nesta casa não existem fantasmas, são apenas lembranças), o artista inverte a ideia tradicional de assombração: o que fica após a perda não é o medo, mas sim a presença viva das memórias. A inspiração da música vem de histórias reais de luto, como a do castelo rosa construído em homenagem a uma menina falecida, e a canção acabou se tornando um símbolo de consolo coletivo, especialmente em datas como o Dia de Finados.

A letra transita entre a dor da ausência e a celebração simbólica dos que partiram. Trechos como “Tantas fotos llenando los marcos, mi propio museo” (Tantas fotos enchendo os porta-retratos, meu próprio museu) mostram como o lar se transforma em um espaço de memória, onde cada objeto guarda fragmentos de vidas compartilhadas. A menção aos “buitres” que “auguran deceso” (abutres que anunciam a morte) traz a ideia da inevitabilidade da perda, mas HUMBE contrapõe isso com a força das lembranças: “Nos hacemos eternos” (Nos tornamos eternos). Elementos da música tradicional mexicana, como o mariachi, reforçam o vínculo cultural com rituais de homenagem aos mortos, tornando a canção ainda mais significativa para quem busca conforto na saudade.

Nos versos finais, como “Perdón que me tenga que ir” (Desculpe por eu ter que ir) e “En la noche, conquisto el silencio y la ausencia del ruido genera un vacío” (À noite, conquisto o silêncio e a ausência de barulho gera um vazio), HUMBE expressa tanto a aceitação da partida quanto o vazio deixado, mas também a busca por força para seguir em frente. "fantasmas" se destaca por transformar a dor da perda em um tributo delicado, onde a ausência física é compensada pela permanência emocional.