Dead But Pretty

Crítica à superficialidade e resistência em “Dead But Pretty”

Em “Dead But Pretty”, do IC3PEAK, a repetição do verso “Dead but pretty” expõe uma ironia marcante: mesmo diante da morte, seja literal ou simbólica, a aparência e a estética continuam sendo valorizadas. Isso sugere uma crítica direta à superficialidade e à indiferença social, onde o que importa é a imagem, não a essência. O trecho em russo “Ставишь на мне крест, но я живей, чем ты” (“Você coloca uma cruz sobre mim, mas estou mais viva do que você”) reforça essa inversão de valores, mostrando que, apesar de ser considerada "morta" pela sociedade, a narradora se sente mais autêntica e desperta do que aqueles que a julgam ou tentam silenciá-la.

O videoclipe, com cenas em frente ao Kremlin e confrontos com a polícia, amplia o significado da música ao conectar a letra a uma crítica política. Aqui, a morte representa o silenciamento, a repressão e a alienação em regimes autoritários, enquanto a beleza se transforma em resistência estética e afirmação de identidade. A referência à guerra entre Rússia e Ucrânia e o envolvimento do IC3PEAK em campanhas de doação reforçam o sentido coletivo da música, transformando a morte em metáfora para o sofrimento social, mas também para a sobrevivência da esperança e da expressão artística. Imagens como “На моей могиле свежие цветы, Мои любимые белые лилии” (“Na minha tumba flores frescas, meus lírios brancos favoritos”) misturam luto e cuidado, sugerindo que, mesmo na ausência de vida, permanecem memória, afeto e beleza como formas de desafiar a opressão.