Mirada

O olhar como símbolo do fim em “Mirada” de Ivan Cornejo

Em “Mirada”, Ivan Cornejo utiliza o olhar do parceiro como símbolo central para expressar o fim de um relacionamento. O próprio artista descreve esse detalhe como “suave e profundo”, mostrando como pequenas mudanças podem revelar grandes transformações emocionais. A metáfora “tu piel se hace de hielo cada vez que te toco” (sua pele fica gelada toda vez que te toco) reforça a sensação de distanciamento, indicando que o contato físico perdeu o calor e a intimidade de antes. O olhar, que antes unia, agora evidencia a separação e a frieza entre o casal.

A letra traz um tom direto e melancólico ao abordar temas como traição e amor não correspondido. Trechos como “Tú eres mi otra mitad, para tres no hay espacio” (você é minha outra metade, para três não há espaço) sugerem a presença de uma terceira pessoa ou a sensação de invasão no relacionamento. Já “Me quebraste el corazón / Y eso es normal pa' ti / Te encanta verme sufrir” (você partiu meu coração / e isso é normal para você / você gosta de me ver sofrer) expõe o sofrimento repetido do narrador e a indiferença da outra parte. A autocrítica aparece em versos como “¿cómo es que pude ver tanto de tu amor / Y ser tan ciego pa' no ver que había perdido su sabor?” (como pude ver tanto do seu amor / e ser tão cego para não ver que já tinha perdido o sabor?), mostrando o reconhecimento tardio do desgaste da relação. O contraste entre a melodia, que mistura rock alternativo e música regional mexicana, e a tristeza da letra, reforça o clima de nostalgia e perda, também presente no videoclipe, que usa imagens do amanhecer e entardecer para simbolizar começos e fins.