Casaca de couro

Tradição e cotidiano nordestino em “Casaca de couro”

A música “Casaca de couro”, de Jackson do Pandeiro, faz uma ponte entre a natureza e a cultura popular do Nordeste ao comparar o canto do pássaro casaca-de-couro com os desafios de violeiros, uma tradição marcada pela improvisação e troca de versos. Isso fica evidente no trecho “Parece dois violeiros / Num galope à beira-mar”, onde o canto alternado das aves é visto como um duelo musical, reforçando a ligação entre o ambiente natural e as práticas culturais do sertão. A letra também menciona cenas do cotidiano, como “mulher pilando pro mode fazer xerém”, destacando o trabalho coletivo e o ritmo presente na vida nordestina.

Outro ponto importante é a descrição detalhada do ninho do casaca-de-couro, feito de materiais variados como “garrancho de jurema”, “pau branco, tem pau preto”. Essa riqueza de detalhes remete à criatividade e à capacidade de adaptação do povo nordestino diante das dificuldades. O refrão repetitivo e o tom leve dão à canção um caráter lúdico, enquanto a comparação entre o movimento das asas do pássaro e “o seio do meu bem” insere uma sensualidade sutil, comum nas músicas populares da época. Assim, “Casaca de couro” valoriza tanto a fauna quanto as tradições e o cotidiano do Nordeste, usando imagens simples e próximas do público.