Et moi, et moi, et moi

A Irônica Reflexão de Jacques Dutronc sobre a Vida Moderna

A música "Et moi, et moi, et moi" de Jacques Dutronc é uma crítica irônica e bem-humorada à indiferença e ao egocentrismo da sociedade moderna. Dutronc, um dos ícones da música francesa dos anos 60, utiliza uma abordagem satírica para destacar como as pessoas tendem a se concentrar em suas próprias vidas e problemas triviais, ignorando as questões mais amplas e significativas que afetam milhões de outras pessoas ao redor do mundo.

A letra da música menciona várias populações ao redor do globo, como chineses, indonésios, soviéticos e sul-americanos, contrastando suas realidades com a vida confortável e despreocupada do narrador. Ele fala sobre suas pequenas preocupações diárias, como dores de cabeça, manias e tics, enquanto ignora os problemas graves enfrentados por essas populações. A repetição da frase "J'y pense et puis j'oublie, c'est la vie" ("Eu penso nisso e depois esqueço, é a vida") reforça a ideia de que, apesar de ter consciência dessas questões, o narrador escolhe esquecê-las e continuar com sua vida.

A música também faz referência a figuras e elementos culturais da época, como Catherine Langeais, uma famosa apresentadora de televisão francesa, e o whisky, simbolizando o consumo e o hedonismo. Dutronc utiliza essas referências para criticar a superficialidade e o materialismo da sociedade, que prefere se distrair com prazeres efêmeros em vez de enfrentar problemas reais. A menção aos "petits martiens" (pequenos marcianos) no final da música adiciona um toque de absurdo e humor, sublinhando a desconexão do narrador com a realidade.

Em suma, "Et moi, et moi, et moi" é uma canção que, através de sua melodia cativante e letra espirituosa, convida os ouvintes a refletirem sobre sua própria indiferença e a maneira como lidam com as questões globais. Jacques Dutronc, com sua voz distintiva e estilo único, consegue transformar uma crítica social em uma obra de arte musical que ressoa até os dias de hoje.