Sleeping With The Lights On

Luto e vulnerabilidade em “Sleeping With The Lights On”

A imagem de dormir com a luz acesa muda ao longo da faixa: começa como proteção contra o vazio e termina como lembrete do amor nascido no escuro. A tensão entre buscar clareza e temer a verdade aparece na escalada “scared of the dark/silence/truth” (com medo do escuro/do silêncio/da verdade), reforçando a relação com o EP It’s Always At Night. Jade LeMac disse que esta foi a primeira canção em que encontrou seu som escrevendo no violão, e isso aparece na franqueza do refrão “I’m no good on my own” (Não fico bem sozinha), um pedido por companhia e validação. Mesmo em ascensão no Osheaga e no Lollapalooza, e abrindo para Maren Morris, a narrativa volta ao quarto iluminado, onde a fama não resolve a solidão nem silencia os gatilhos da memória.

A letra encena o luto amoroso em ciclos: o apelo “Don’t go” (Não vai embora) e a confissão de insuficiência contrastam com a percepção de que o outro está “sleeping through the night” (dormindo a noite toda), enquanto ela soma sintomas de abstinência afetiva — “red eyes” (olhos vermelhos), “cold sweats” (suor frio). A expressão do título opera em duplo sentido: manter a luz acesa é literal (evitar o escuro, o silêncio e os sonhos com quem se foi) e simbólico (prolongar a vigília para não encarar a verdade). No desfecho, “Two kids fell in love inside the dark” (Dois jovens se apaixonaram no escuro) recontextualiza tudo: a escuridão que era abrigo vira o lugar do abandono; “smoke in their lungs” (fumaça nos pulmões) sugere pressa, ansiedade e hábitos que sufocam, e “love’s never enough” (o amor nunca é suficiente) aponta para a aceitação amarga. O arco se fecha do medo que acende lâmpadas para afastar lembranças à necessidade de atravessar a noite — ainda que iluminada.